terça-feira, agosto 05, 2008

Insónia





Lá fora existe um mundo inteiro que me espera ou não. Da janela sinto-me pequenina, eu diria minúscula. Vejo aos quadradinhos pequeninos, uma coisa de cada vez. Abro a janela e deixo que o vento me embale numa melodia saudável e harmoniosa. Apetece-me vida, apetece-me ir sem demora. Já se faz tarde. Mas ainda tenho que ficar, por pouco tempo mas tenho que ficar. Ouço vozes em tormento, vozes que soam simplesmente porque no silêncio a dor pesa mais do que partilhada. Preciso de ir e receio o que virá. Começar de novo, vezes sem conta. Conteúdos novos, custa! Mas não assusta. Estudar é-me essencial, aprender continuamente é-me instintivo e indispensável. Preciso de me sentir a evoluir, a desenhar um percurso mesmo que oculto. Da janela não vejo perspectivas, nem tridimensionalidade. Vejo o nada que é tudo. E está bem assim, a vida vai-se revelando aos poucos. A ansiedade que se revela... em determinado sentido trespassa-me insistentemente, insónia profunda que me tortura a cada acordar assustado. A dificuldade em acordar a cada dia que passa, o pesar dos dias. Vida onde andas? Porque demoras? Quem disse que és o principal responsável pelos teus passos, disse a verdade. Só que se esqueceu de acrescentar que determinados acontecimentos não se anunciam, nem batem à porta. Simplesmente existem ou não. E eu quero partir e encontrar porto seguro, quero que existas!