Ao longo dos anos este sempre foi um dos meus piores defeitos sempre tive imensa dificuldade em perdoar. Em perdoar especialmente a amigas. Na adolescência uma das minhas melhores amigas resolveu aliciar o meu namorado e aos poucos conseguiu seduzi-lo ao ponto de ele acabar comigo. A minha intuição sempre me disse que havia ali alguma atracção mas eu nunca quis ver ou analisar a intensidade e repercussão que isso teria. As coisas complicaram-se ao ponto de partilharmos na sala de aula a mesma mesa e de eu me ter remetido a um voto de silêncio cruel que vigorou semanas a fio até que ela resolveu sair da mesa para outro local. Quando lhe foi dada a oportunidade de se explicar limitou-se a enrolar, nunca pediu desculpa e apenas disse que não se lembrava das coisas. Ruminante como sempre fui consegui constituir factos que nunca esqueci e também nunca perdoei ao longo de muitos anos. Posteriormente voltei a namorar com esse mesmo rapaz. E ela também já nos tempos da faculdade, caso para dizer que os desejos reprimidos são intensos, ou talvez seja karma, coisa simples.
De vez em quando já passados tantos anos manda-me pedidos de amizade no facebook com mensagens (Olá! Lembras-te de mim?) que nunca aceitei, a minha vontade era dizer impossível esquecer mas acho que remexer nisso não valeria a pena. Para mim seria uma grande futilidade e falsidade aceitá-la no facebook talvez lhe dê demasiada importância e devesse aceitar mas não consigo. Uma das coisas que não consigo perdoar, não foi a traição e as inúmeras coisas que me fez nas costas sem uma conversa ou explicação foi sobretudo o abandono de anos de amizade, o não ter estado lá para me cuidar reciprocamente como eu sempre estive. Esta é sempre ao longo dos anos o meu maior ressentimento o abandono. Nunca fui pessoa de ter muitos amigos. Sempre me dediquei a poucas pessoas mas com intensidade e dedicação.
Uma das actividades sugeridas pelos especialistas para sermos melhores pessoas e mais felizes é aprender a perdoar, revejo-me na seguinte frase:
"Perdoar verdadeiramente uma pessoa implica contemplar o dano a partir de uma certa distância, ao passo que esquecê-lo dificultaria bastante o processo."
Como Ser Feliz, A receita científica para a felicidade, Sonja Lyubomirsky.
Consigo perceber que as pessoas erram, eu inclusivé, consigo
recordar-me dos bons momentos e acho que até perdoei mas o facto é que
não lhe consigo "tocar".