quarta-feira, junho 20, 2007

Laços invisivéis





Deixo de acreditar no amor, não no Amor... Mas sim no encontrar o amor, um amor para mim. Um amor correspondido. Nunca senti o amor incondicional de outrém, ou me permiti sentir... em casos especiais não correspondidos. Tambêm eu gostava de acordar e adormecer com um sorriso libertador e purificador. Depois de mais de duas décadas deixo de acreditar. Hoje não acredito, amanhã quem sabe espero acreditar. Não acreditar torna tudo menos luminoso, acrescenta muitas sombras a uma vida. Implica um olhar para trás para páginas escritas de um livro que ninguêm leu entusiaticamente. Um livro em que se escreveu um grande romance mas sem final feliz. Um livro que se fecha a cadeado por guardar letras demasiado sofridas, frases amadas, inesquecíveis na minha mente mas esquecidas no tempo e espaço. Tenho momentos de raiva imensa comigo mesma, odeio o modo como sou capaz de me entregar a um amor, a intensidade das minhas vivências, odeio a minha capacidade de sacrificio e sofrimento. Odeio a falta de assertividade e a incapacidade que revelo de dizer não a mim mesma. De me impôr limites a nível emocional, de não quebrar barreiras. Odeio-me por fazer de espectadora ao saber que caí no fundo do poço. Odeio-me por me orgulhar de cair por amor. Odeio-me por pensar que valeu a pena lutar por este amor. Odeio e amo este romântismo obscuro, odeio-me por pensar que nasci no século errado.

Magoa-me cada vez que penso que nunca, nunca, por nunca ser puseste a hipótese de te render a um amor assim. Mas ensinaste-me algo muito importante. O não assumir compromissos significa que se valorizam as coisas. Que valorizas demais os sentimentos e por isso mesmo não podes negar o que te move, essa procura sem requisitos apenas o sentir. E essa meta, que se transfigura num sorriso, é idealista e bela. Aguardo que um dia me notifiques de que encontraste a inspiração desse sorriso mesmo que seja outrém a torná-lo possível. Para que um dia também eu possa acreditar que poderá existir tambêm para mim, uma vez que o sorriso que provocas em mim está condenado a ser apagado pela borracha do tempo, apesar de se desenhar espontâneamente vezes sem conta.

Olho para trás só mais uma vez... relembro e guardo tudo para levar comigo. Estou esgotada. Não suporto mais tanto desprezo. Não o mereço sobretudo, sabes que não. Todo ser humano tem limites. Todo o ser humano depois de tanta compreensão, tanta partilha, tantos momentos... Perdi-me em laços invisivéis aos quais não atribuis significado. Quebrei-me como as ondas na praia. Quebrei-me vezes sem conta, por acreditar em ti. E tu nunca acreditaste em mim, esse conflito será de todos o que mais custará a resolver dentro de mim. Dói, e tu não me abraças. Dói e tu não me cuidas. Dói, tu afastas-me e dói a dobrar. Dói e tu começas a esconder-te nas palavras. Dói e desejo em delirio, que seja apenas um pesadelo, e que o sonho esteja à espreita nas próximas horas. Estou em queda livre...