quarta-feira, setembro 12, 2007

À (minha) espera



Já nem te sei, já nem sei imaginar o teu toque... fecho os olhos e não sei sequer se o devo imaginar. Mas algo indiscutível sei.... sei-te de cor. A distância quando aumenta desperta tantos sentimentos e ao mesmo tempo afasta outros. Criam-se verdades. Conformidades da vida. Os laços sentem-se à distância. Sei que te trago em mim. Sei que de alguma forma me trazes em ti. Sei do melhor dos abraços, sei do olhar vazio, sei da pele morena, sei da dor de não te ter. Sei da dor de não teres... Ambos sabemos a dor de não ser correspondido. Às vezes sinto uma solidão cortante. Os mais velhos não percebem a minha necessidade de conforto e bem estar. Das minhas compulsões por livros e chocolate. E eu sei que preciso de algo para me agarrar à vida. Das histórias de vida escritas no espaço e no tempo que me fazem sentir viva, das séries televisivas que me fazem chorar com frases tão simples. O simples é bonito e essencial. Preciso de injecções de emoção para acordar com aquela esperança que um dia foi desmedida e desvanece a cada dia que passa. Numa tentativa esforçada e desesperada de me encontrar neste mundo, de te encontrar. Atiro-me ao trabalho, orgulho-me da minha entrega ao trabalho e de não decepcionar as pessoas que em mim investem. Quando me dizem que através de um simples curriculo eu fui escolhida para uma tarefa tão dentro da minha àrea de estudo e ao mesmo tempo tão fora e por isso holística e exigente, assumo o desafio e entrego-me. Mas fico parada a pensar no quanto os percursos desta vida se revelam inesperados. Desdobro-me em pensamentos na tentativa de entender o que a vida tem à minha espera. Fecho os olhos e apesar de tudo sinto-me só. Começou a chover lá fora e a trovejar. Hoje quero acreditar que a natureza está solidária comigo, quão imenso é o meu egoísmo...