terça-feira, julho 19, 2011

Era uma noite como tantas outras....


Ele falava sem parar contava as suas histórias e peripécias. Ela ouvia-o e ouvia tantas outras coisas que os seus pensamentos não continham. Alguns segundos ou até mesmo minutos, os seus pensamentos vagueavam e já não estava ali, apenas o fitava com olhar atento para não o decepcionar tal era o entusiasmo com que contava aquelas histórias. Ela estava num estado de dormência abstracta, a despedir-se ... de sentimentos passados, a tentar perceber o que seria ou não fiel aos seus princípios. O que se estaria ali a passar... como é que do fundo do poço, se encontrava num novo capítulo da sua vida. A sensação era a de ter estado ausente de uma parte da sua própria vida recente... uma amnésia momentânea... quem lhe explicaria como tudo tinha mudado num abrir e fechar de olhos. Relembrou ao ouvir um psicólogo na tv dizer que depois de um grande sofrimento, depois de bater fundo no poço as pessoas sentem necessidade de agir, de se ajudarem.... Parecia haver uma explicação... ela precisava, precisa de entender... que não traiu os seus sentimentos, apenas olhou em direcções diferentes... e caminhou até que chegou... a uma estrada e encontrou alguém também a percorrer o caminho. E se não foi mágico este encontro, foi verdadeiramente abençoado, tão divino que ainda ambos o olham como uma conquista tão doce... que não se esgota... este sentimento.
Deram um passeio em torno do estádio, olhavam-se e conheciam-se sob as estrelas. Era simples e perfeito. Sem grandes planos... Enfim sentaram-se num banco daqueles espalhados, a noite começou a arrefecer. As árvores testemunhas daquelas conversas, daqueles olhares tímidos e sinceros, daquelas gargalhadas... Ela gelava não fosse o frio... estaria ali horas a fio... encostou-se a ele, ele abraçou-a tão naturalmente que parecia que ela já fazia parte dele. Continuaram a conversar abraçados, um carinho aqui, outro ali tudo muito sentido e devagar. Os sentidos todos em alerta... e uma paz tremenda a invadia... não conhecia este sentimento que a confundia... onde estavam todas as indecisões ... todas as perguntas... não existiam esfumaram-se para dar lugar às certezas. Ele roçou-lhe a cara no rosto num gesto doce e carinhoso... ela sem saber como beijou-o de leve, mal sentiu os seus lábios... e de repente a timidez veio ao de cima, refugiou o rosto no peito dele, ali bem aconchegada... ele sempre tão calmo... tão silencioso... abraçou-a. Ela sentiu necessidade de quebrar o silêncio e disse, desculpando-se com ar maroto e envergonhado: apeteceu-me! Ambos riram... Ele, respondeu: e então? que tem? Ela estava completamente surpresa consigo mesma... Mas não era hora de olhar para trás... era tempo de fazer história, de iniciar outro capítulo. Voltaram-se a beijar vezes sem conta, abraçaram-se com intensidade, encontraram-se naquele momento ...