Era uma noite como qualquer outra... simples, tranquila na tremenda cidade dos estudantes que tantos segredos tem escritos na calçada. Fui com um nervosismo que já desconhecia, que até náuseas me provocou. Lutei comigo mesma, vou, não vou... E não fui... como consigo fechar-me na dúvida, como me seguro face à incerteza. Sou tremendamente complexa e difícil. Pintei-me assim... Precisei de tempo para me resolver. E se não fui na sexta, no sábado a noite convenceu-me de que as expectativas não existiam, logo nada podia correr mal. E fui... de coração nas mãos... arrumei-te ali no canto não permanentemente porque isso seria negar-me, mas porque ainda me desgastas muito, mais do que gostaria e tinha que ir.. já tardava... meses.. quase anos-luz... sim sou um ser que faz do sentir a maior hipérbole que traz nas mãos...
Dei por mim a recordar os tempos de estudantes, as tardes, em que caminhava e me sentava à beira rio para fazer as confidências do dia... ao rio confuso com as águas a correrem ao contrário sempre tão enigmático. A ponte luminosa, musa inspiradora do meu olhar, metáfora da possibilidade de deixar-me ir finalmente. Luz, luzes, cores, vida...
Debrucei-me a ouvir os sons da noite, coloquei os phones e deixei que a vida me surpreendesse... e ainda assim... nessa noite, nessa madrugada gelada de passeios solitários ... esperei-te horas... e achei que não devia esperar mais e já gelada decidida a partir, olho e lá estavas tu também nervoso. O teu nervosismo consolidou a minha paz... tão tolinhos que somos pensei... tantas expectativas criamos que nos matam a espontaneidade, os momentos simples e bonitos... e se tive friooo foi porque assim o quis... mas o frio dessa noite fez-me voltar nas noites seguintes... nem só de amores à primeira vista reza a história ...!