sexta-feira, março 30, 2007

Feridas



Num momento só nosso… Tentei lamber-te as feridas…

Os teus olhos mostraram-me num segundo o teu estado de espírito. O teu corpo deitado sobre a cama, a tua linguagem não-verbal é tão transparente a meus olhos. Aprendi a conhecer-te pelos gestos porque sempre foste de poucas palavras. Naquele dia chegaste-me aos braços qual animal ferido. Tentei lamber-te as feridas à vista mas o meu poder não é suficientemente forte para te penetrar a alma e curar as feridas do fundo que te perseguem no tempo, e te corroem o espaço. Consigo um sorriso que reforço e ganho um de novo. Alegro-me por te distrair momentaneamente da dor de dentro. Percorro o teu corpo com mimos e amor na esperança que se alastrem ao teu corpo e te tragam a vida que dizes ter perdido, a liberdade e espontaneidade que tanto anseias reencontrar. Penso em ti e sei que vencerás. As defesas que criaste são bem fortes, fortes demais. Não deixes que a vida passe por ti. Agarra-a! Estou aqui para te lamber as feridas.