segunda-feira, julho 30, 2007

Foz do Desejo




Não sei se é poema
Mas sei que se escreve na pele
Se sente na pele e se diz com o corpo
Não será poema
Mas tem a tua voz
Essa inflexão suave de astro louco
com os teus olhos caminheiros
acesos na maré dos sonhos
Palavras serão intermitentes
Como o farol sereno que me leva
A navegar em águas doces
Na entoação do teu nome
Como se palavra fosses

Diz-me
como poderia ter rima
Se não tivesse luz
O cristal puro das estrelas
A lua incandescente nos meus seios
A espada que reluz na escuridão
E fere e mata e luta e espanta
Estas sombras que cobrem as palavras

As palavras...
móveis cobertos de panos
Como janelas abertas para o espanto
Destapadas certezas que afagamos
Aquela serra onde nos vemos
Um mar de verdura no olhar
O corpo intenso o bosque astral
E as mãos?
As mãos a lavrar o corpo
Até à foz do desejo...
Não, na verdade
Não sei se é poema
Embora arda na seiva dos dedos

By LibeLua em fevereiro 14, 2005

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