domingo, agosto 05, 2007

Chama






No vaivém em nos transportámos inúmeras vezes para os mais recentes capítulos das nossas vidas surge sempre uma tentação latente que nos faz encontrar no espaço e no tempo e consequentemente escrever mais uma página. Não uma página qualquer uma página desejada, uma página intensa que nos tira o fôlego. Parece que somos ambos amantes destas viagens apetecíveis mas perigosas. São precisas condições de segurança precisas. E acho que ambos tentamos compreender o porquê de mais tarde ou mais cedo cedermos. Claro que encontramos respostas... sabemos as respostas simples. Mas saberemos formular as verdadeiras respostas? Alcançamos um estado de libertação indescritível, para depois voltarmos ao ciclo vicioso aliciante e irresistível. Página escrita missão cumprida! Sorriso nos lábios ou não depende dos momentos, das circunstâncias mas no fim ambos ganhámos, ambos olhamos para trás para aquela chama que nos entrelaça na vida e nos faz naquele momento cruzar o mesmo caminho. Lembro da música do Ruizinho, aquela "Já não há canções de amor"... Recordo as primeiras quadras:

Um deste dias vou poder
apaixonar-me outra vez
sem me importar de saber
se vai durar um ano ou um mês

Correr e saltar num dia
depois não dormir tranquilo
pensar que o amor é isto
e descobrir que afinal é aquilo

Já não há canções de amor
como havia antigamente
já não há canções de amor

Um destes dias vou ser capaz
de encontrar a felicidade
avançar em marcha atrás
ir de verdade em verdade

Dizer que o amor é aquilo
que ontem estava descoberto
e ver que o fim duma paixão
espreita sempre um deserto

(...)

Sábias palavras do senhor Carlos Tê. Não me vou importar se vai durar um mês ou um ano esta chama. Um dia ambos vamos encontrar a felicidade não sei a que velocidade, em que estacionamento ou ruela mas vamos. Num lugar tranquilo algures vamos sentir de novo aquela batida, aquele brilho no olhar, aquele deslumbramento por alguêm... E se não for assim será de outra forma o inesperado reveste-se das cores mais simples e bonitas. E entretanto exploramos uma estrada alternativa, um oásis na estrada alternativa deste capítulo maluco. E ambos aprendemos algo importante é que não existem regras de sobrevivência vale quase tudo. Estradas secundárias, abraços que nos protegem do frio, às vezes faz um frio de rachar nas nossas vidas. Mimos que nos tranquilizam e acalmam dos dias de chuva, tempestades que insistem em vir para ficar quando os pensamentos atordoam. Tenho um orgulho desmedido do manual de sobrevivência que ambos escrevemos nestes últimos tempos. Vamos acender a fogueira que a noite já aí vem.