Hoje não sou eu. É a nuvem nocturna que me envolve e me deixa sem forças, que me faz pensar que não existe um sentido, que a vida não é justa. Preciso de inspiração mas o piano dentro de mim toca melodias tristes e cansadas do tempo. Os sons mais agudos sinto-os todos cá dentro. O deslizar do piano dói e interiorizo o sofrimento atroz que a solidão provoca.
Não basta sonhar e acreditar é preciso lutar muito e não desistir. Hoje se pudesse desaparecia uma semana, um mês para um lugar estranho e longínquo onde tivesse apenas comida, aquecimento e pudesse descobrir-me de novo. Iniciar uma procura interior que me fizesse acreditar que tudo útil e até o inútil não se tenham convertido no fútil que esvoaça e desaparece sem sentido. Quero ser a pessoa activa que sempre fui, cheia de força, vontade de viver e que acredita que tudo pode mudar num instante mágico. Preciso de mudanças urgentes, projectos, vida. Não peço amor, nem amizade são daqueles preciosismos que não se pedem ou existem ou não existem. Peço vida na esperança de que o feitiço não se vire contra o feiticeiro como da última vez. Ou talvez seja melhor dizer das últimas vezes, dou tudo, a duzentos por cento e no fim ficam apenas as memórias. Boas e más e eu novamente...