sexta-feira, dezembro 30, 2011

Resumo do ano

"Perdi-me dentro de mim porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto 
É com saudades de mim."

Dispersão, Mário Sá Carneiro

Existem poemas que guardo comigo ao longo dos anos e aos quais volto sempre. Hoje entendo o quanto  este senhor conseguiu expressar o que sempre senti nos momentos mais recônditos do meu ser. Quando a solidão me atravessa e sinto que já não sei viver com ela, a vida mostra-me o quanto ainda tenho para aprender, o quanto ainda tenho que me aceitar, o quanto não nutro de um amor incondicional por mim própria que seria fundamental para me dar forças nesta caminhada. 
Hoje voltei a folhear o meu caderno de frases deste ano e volto a reescrever o poeta dos poetas. Preciso que a sua sabedoria me ilumine, me faça entender que a luz está dentro de mim mas isso não basta tenho que acreditar nela e na sua força.

"Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não podemos crescer emocionalmente. Enquanto não atravessarmos a dor da nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um."

Fernando Pessoa, O grande...






terça-feira, dezembro 20, 2011

Wishlist II

Estou numa luta constante entre a minha escuridão e a minha luz. E por mais voltas que dê, por mais que me controle, por mais esforços que faça, por mais que tente libertar todas as energias negativas, volta sempre a nuvem. É verdade que não tenho motivos para sorrir, aliás tenho .... saúde, tenho uma família que me apoia imenso, tenho amigas especiais que fazem do longe perto e estão sempre por perto.
Não estou bem, estou profundamente triste. É quase Natal e só me apetecia acordar em Março. Não existe luz que vislumbre neste momento. Estou para lá de triste na fronteira entre não sei quem sou e para onde vou. Não é agradável. O balanço deste ano é tudo menos positivo. Queria sentir forças para reagir, para arriscar, para ir para fora sem pensar em tudo e todos. Mas sobretudo queria ficar, ter a possibilidade de criar um cantinho só meu, ser livre de dependências económicas, poder trabalhar e sorrir. Sei quanto consigo embrenhar-me na solidão mas também sei que se aspiro algo, encontrar algo intermédio ou verdadeiramente fora de expectativa sei o quanto me deprime, sei o quanto vou definhar, sei........ já estive nesse lugar e não é bom. É verdadeiramente mau. Mais do que angustiante é um passo para o abismo interior. Existem limites para o sofrimento mas se existe algo que me causa sofrimento suficiente é sentir que as minhas capacidades estão aplicadas em actividades que em nada alimentam o meu sorriso e nada me fazem sentir valorizada. Sei o quanto preciso de um empurrão de luz, uma injecção tremenda de vida, preciso de oportunidades e não sei que maiores esforços posso colocar em prática para as alcançar. Sei o quanto preciso de sentir que não faço a caminhada sozinha, sei o quanto me pesa, sei o quanto preciso de me sentir bem sozinha e não sei onde está o equilíbrio. 
Estou esgotada por nem sempre ser compreendida, sobretudo por não ser tolerada, por não ser respeitada. Estou esgotada por me sentir diferente e sentir que as pessoas mais próximas não poderem perceber o meu espaço, o meu silêncio. 
Preciso urgentemente de amor, preciso de percorrer novos caminhos, preciso de me sentir a respirar. Preciso de sair daqui.

domingo, dezembro 18, 2011

Wishlist

É quase... quase Natal. Ou talvez já seja Natal no meu coração não é um dia é uma época. Ao longo dos anos de faculdade foi sempre uma época de dias quentinhos à lareira a estudar horas a fio numa preparação incessante para os exames. Era tempo de chegar à terrinha, acordar, não tirar pijama e sentar-me à lareira com os imensos apontamentos. Adoro o Natal e nos últimos anos digo sempre que é das épocas que mais detesto pois é das épocas que mais mexe comigo. É como se fosse uma combinação bombástica de emoções e sentimentos aliados a uma época de amor,  que nem tempo nos dá para assimilar todas essas emoções porque quando damos por nós já passou e já é tempo de fazer o balanço do ano com a passagem de ano, qual morte súbita, que nos faz recordar em flashback todos os momentos mais significativos do ano. E como se esta mistura explosiva não bastasse dali a um mês e pouco é o meu aniversário. São três momentos do ano que me deixam sempre knock out. São talvez os momentos que mais gostaria de ter partilhado nos últimos anos com alguém verdadeiramente especial. E agora são apenas aqueles anos somados em que ano após ano, ninguém esteve lá para mim assim. Não foi um ano, não foram dois, foram cerca de dez anos dedicados a uma vida em que as pessoas amigos e companheiros de fases boas e menos boas estiveram lá de forma fugaz. Nem sempre soube reconhecer o amor em pequenos gestos e lamento muito. Quando vivemos à espera de que as pessoas nos valorizem verdadeiramente, quando esperamos tempo demais por algo maior, quando optamos por acreditar que algures vai acontecer alcançarmos o que tanto desejávamos... perdemos momentos preciosos por desejarmos algo mais especial.... aquele sentimento que nos enche de vida e faz sentir verdadeiramente queridos e amados. Este Natal desejo apenas que essas pessoas todas sintam o quanto as amo, de diferentes formas mas amo e o quanto fazem parte de mim. Desejo que em especial uma pessoa consiga sentir em dobro dentro de si toda a energia e amor que este ano me fez sentir. Desejo especialmente que essa energia e toda a que possa reunir no seu coração se harmonize ao ponto de a fazer sentir especial e de conseguir miraculosamente curar todas as energias negativas e sentimentos que bloqueiam a vida e a harmonia. E se estes desejos se concretizarem este Natal será verdadeiramente abençoado.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Mente tagarela

" A luz é demasiado dolorosa para alguém que queira permanecer nas trevas." ECKHART TOLLE

No último mês comprei mais livros que no ano todo. E eu compro sempre livros demais, existe uma atracção entre mim e as livrarias. Se existe algo que adoro é passear por uma livraria e ver as novidades. Colocar nas minhas listas mentais quais serão os próximos, quais farão parte da minha biblioteca pessoal e mágica daqui a uns anos. Sou tremendamente materialista neste aspecto. Imagino sempre que um dia vou ter uma biblioteca linda, um espaço bem iluminado com um cadeirão em baloiço bem fofinho, assim um cantinho do céu.
Adoro percorrer um livro e sublinhar as minhas partes favoritas, adoro passado uns dias, meses ou até anos recordar as partes que sublinhei. Adoro lembrar-me de determinada parte e conseguir encontrá-la em segundos porque está sublinhada. Adoro ser feliz com as minhas frases e sentir-me bem com a sabedoria que estas emanam. Tenho lido para além da conta.Tem-me ajudado para além da conta. Tem sido uma grande terapia. Ler e escrever são pilares da minha pessoa desde que me conheço. Tenho imensos cadernos e caderninhos de cores, feitios e tamanhos diversos. Tenho tantas histórias e pensamentos escritos, tenho os meus amores em diários que representam verdadeiras viagens ao passado.
O último livro que li tinha esta frase incrível, tenho-me dedicado a leituras mais espirituais cheguei a um ponto de ruptura bastante esgotante e a minha porta para uma iluminação maior tem sido sem duvida a leitura. Nos últimos tempos tenho percebido o quanto me tenho feito sofrer por ser tão agarrada às minhas ideias mentais, por ter uma mente tão tagarela e compulsiva que mal consigo acompanhar. Consigo perceber agora o quanto temos o poder e a energia para travar o pensamento compulsivo e os sentimentos compulsivos. Tenho dias melhores que outros, nem sempre consigo controlar ou travar os pensamentos negativos que me geram sofrimento atroz. A minha mente é capaz de reproduzir e analisar pormenores inacreditáveis e atribuir-lhes significados imensos. Consequentemente, quanto mais significados atribuo mais espero de determinada situação ou de determinada pessoa. A mente é um labirinto esgotante que podemos escolher abrandar e controlar para não nos submetermos a doses incríveis de sofrimento. Estou a aprender a lidar com esta nova aprendizagem, estou a tentar pensar menos e a sentir a energia positiva que sei que trago comigo. Espero conseguir atrair muita energia positiva e fazer chegar às pessoas que me rodeiam o quanto as amo e lhes quero bem. 



sexta-feira, dezembro 09, 2011

No matter what


Não estou a conseguir controlar o vaivém de emoções, o estado a que as coisas chegaram é tão degradante. Entristece-me até ao tutano, esgota-me, não existe brilho, não existe luz. Não existe nada que possa admirar, não existe uma réstia de esperança neste momento. Existo eu apenas, na encruzilhada a que cheguei, sem rumo. E não existe nada de que orgulhe depois de ter dito tudo o que pensava e sentia. Não me arrependo de nada, apenas pensei que a sinceridade me valesse mais do que valeu. Achei que a pureza do ser pudesse fazer brotar a luz e mostrar o quanto se pode ser livre. O quanto se pode demonstrar e deve dizer tudo, o quanto não devemos guardar para prolongar o sofrimento. Achei que a vida ia ser generosa, achei que tinha aprendido a não sofrer para dentro, achei que estava a fazer tudo de forma diferente e melhor... E afinal a intenção, não passou disso de intenção. É muito difícil encontrar pessoas puras, mas mais difícil de superar é achar que encontramos pessoas assim e estarmos terrivelmente enganados. É algo que nos devora as entranhas, ter que assumir que afinal aquela pessoa por quem púnhamos a mão no fogo, que vimos chorar, com quem lavamos a alma e renovamos a vida, que essa pessoa não reage aos mesmos valores.
Resta-me parar de olhar para trás, impedir-me de respirar este ar, cortar as amarras, deixar de procurar respostas a perguntas... a transparência das vivências não é para todos. A capacidade de comunicação, interpretação e de expressão não é igual. Somos todos tão diferentes e tão iguais. E transtorna-me, irá sempre transtornar-me a falta de valores. E o quanto as pessoas não estão lá umas para as outras no matter what. 

domingo, dezembro 04, 2011

The start of my greatest fight...


É agora que começa a dor que consegue ser mais excruciante. É agora que tenho que me parar. É agora que tenho que me obrigar a reagir. É agora que a luta interior se intensifica. Não me posso permitir continuar a lamber as feridas ... sei que se o continuar a fazer passarão dias, meses e anos e eu estarei aqui a afundar-me. Está na hora de quebrar o ciclo, não me posso negligenciar a esse ponto novamente. Não me posso afundar novamente a esse nível destrutivo. Não posso, mas não sei se consigo. Ainda estás aqui cravado no meu peito. Ainda sinto um amor profundo, ainda me derreto ao ver o teu sorriso, ainda sinto o teu abraço forte, o teu perfume, a tua voz, o teu beijo...ainda espero um milagre que mude tudo. Que nos faça ser pessoas melhores. Ainda acredito que a qualquer momento me digas que a vida vale a pena ser vivida nas asas do teu voar. 
Eu tentei, à minha maneira, tentei ser uma pessoa melhor. Tentei engolir o orgulho, todo o ressentimento e mágoa. Tentei por momentos abdicar desses sentimentos que me afastam de ti e ser pura e genuína. Mais uma vez me afundei. Tenho que me agarrar a um egoísmo que não sei onde ir buscar, a sentimentos que tenho que construir do nada e não sei onde buscar. Tenho que buscar caminhos ainda que os odeie e me façam sentir mal, e ser uma pessoa que não quero ser. Tenho que voar ainda que não saiba voar sozinha. Tenho que ter forças ainda que queira deitar-me e esquecer que existo. Tenho que te deixar partir ainda que saiba que te vou esconder no canto mais especial do meu ser. Tenho que te deixar de respirar, ainda que isso seja perder o sentido, os significados que tanto me agarram à vida. Tenho que me perder nos caminhos tortuosos vezes sem conta até encontrar os certos novamente. Não quero ouvir palavras de conforto...  quero sentir, quero perder-me no meu vazio,  andar com a nuvem o tempo necessário para lhe chamar amiga. Caminhar sem rumo, até conseguir suster a respiração e sentir-me viva. Até chorar incessantemente e sentir que as memórias não estão tão definidas e claras. Até que as emoções e sentimentos se dissipem e já não saiba percorrer os trilhos que me levam até ti. Sei que vou parar e olhar para trás à tua procura. E sei que não estarás lá para me dar a mão. Dói e irá doer por tempo indeterminado. 


quinta-feira, dezembro 01, 2011

Up and down


É incrível como me agarro a ti, como não te quero deixar partir. Como me afecta o quanto não estás ao meu lado. O quanto me consegues ser indiferente. Quero tanto conseguir deixar-te ir, aceitar. Quero aceitar e sentir-me em paz. Quando consigo sentir-me em paz de repente a minha mente arranja uma forma de me fazer sentir em permanente conflito, razões que a própria razão desconhece. E então luto, envolvo-me numa teia comigo mesma e com as minhas convicções. Faço-me acreditar que existe sempre a possibilidade de as pessoas serem melhores, iludo-me com a capacidade de diferenciar as pessoas e a capacidade de serem humanas e sensíveis. E, na maioria das vezes não percebo que sou eu que tenho uma sensibilidade extrema face aos acontecimentos. É como se acreditasse que as pessoas ao passarem por mim jamais me poderão magoar porque o que vivemos assume proporções imensas de uma pureza que me faz suspirar... Sou tão pretensiosa, sou tão pequenina, sou tão eu. E então ando neste zig, zag exaustivo e perpetuo o ciclo vicioso vezes sem conta. Um dia acordo e estou bem comigo, consigo equilibrar as pensamentos, abster-me de acreditar que algo vai mudar... e existe uma paz nisso, uma paz que nos faz não ter expectativa e absorver os dias simples. Outro dia, acordo com uma angústia tremenda, um fervilhar de emoções e sentimentos que me arrastam e fazem agir e talvez afastar-te ainda mais de mim só por te querer aqui cada vez mais a cada dia.