Não estou a conseguir controlar o vaivém de emoções, o estado a que as coisas chegaram é tão degradante. Entristece-me até ao tutano, esgota-me, não existe brilho, não existe luz. Não existe nada que possa admirar, não existe uma réstia de esperança neste momento. Existo eu apenas, na encruzilhada a que cheguei, sem rumo. E não existe nada de que orgulhe depois de ter dito tudo o que pensava e sentia. Não me arrependo de nada, apenas pensei que a sinceridade me valesse mais do que valeu. Achei que a pureza do ser pudesse fazer brotar a luz e mostrar o quanto se pode ser livre. O quanto se pode demonstrar e deve dizer tudo, o quanto não devemos guardar para prolongar o sofrimento. Achei que a vida ia ser generosa, achei que tinha aprendido a não sofrer para dentro, achei que estava a fazer tudo de forma diferente e melhor... E afinal a intenção, não passou disso de intenção. É muito difícil encontrar pessoas puras, mas mais difícil de superar é achar que encontramos pessoas assim e estarmos terrivelmente enganados. É algo que nos devora as entranhas, ter que assumir que afinal aquela pessoa por quem púnhamos a mão no fogo, que vimos chorar, com quem lavamos a alma e renovamos a vida, que essa pessoa não reage aos mesmos valores.
Resta-me parar de olhar para trás, impedir-me de respirar este ar, cortar as amarras, deixar de procurar respostas a perguntas... a transparência das vivências não é para todos. A capacidade de comunicação, interpretação e de expressão não é igual. Somos todos tão diferentes e tão iguais. E transtorna-me, irá sempre transtornar-me a falta de valores. E o quanto as pessoas não estão lá umas para as outras no matter what.