Hoje deambulava por entre as folhas e pétalas das flores do meu jardim quando me ocorreu novamente um pensamento que há dias me fez parar e reflectir o quanto não posso nem devo quantificar o amor. Não perdeste tudo, foste tão feliz e foi tão bom, tão eterno. O amor é imensurável. O amor é tão eterno enquanto dura. Mesmo. E eu tenho sempre a tentação de o prolongar no tempo e no espaço. Se fechar os olhos consigo sorrir e sentir a intensidade dos momentos, tão eternos, tão livres e meus! Nossos! Amo a intensidade dos afectos, sofro a ausência dos mesmos. O silêncio deixa-me sempre à espera de gestos de amor, como se parasse de respirar à espera das surpresas maravilhosas que a vida ainda tem para me revelar. E quanto mais eu desejar mais vai demorar. Eu sei! Assim sou eu, intensa... sim, sou felizmente assim! Amo com a intensidade, sou hipersensível aos gestos, às palavras, sou hiperpensante porque tantas vezes me deixo dominar pelos pensamentos acelerados e desatinados, sou hiperpreocupada comigo e com os que me rodeiam. Não sou especial, sou eu, assim. E, não existe nada que eu queira mudar. Sou emocionalmente densa. Não acredito na felicidade mas sim em momentos felizes. E se os revivo é porque sou feliz dentro deles, da memória eterna de que se nutrem. Hoje quero fluir e deixar o amor fluir. Hoje quero que o amor seja eterno.
"Se tanto me dói que as coisas passem ...
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem"
Sophia de Mello Breyner Andresen