sábado, maio 13, 2006

NIGHT FOUR : VOO NOCTURNO


É incrível como a tristeza pesa e desequilibra nestes dias de festa. Como a tua ausência me fere. Encontro-te e não resisto em interpelar-te. As tuas bengaladas na minha cartola apaixonada. O teu olhar enternecido, tão doce. Apetece-me abraçar-te e não te largar mais e de súbito desapareço na multidão na tentativa de controlar o ímpeto e a vontade. E de novo no meio da multidão alienada e alucinada são os teus caracóis que sobressaem e me impelem num olhar ávido de ti uma vez e outra incontrolavelmente sem fim. Estarei louca tu também me olhas… Este mundo só pode estar do avesso. As amigas chamam-me à razão, outra aconselha-me a viver o presente. Não suporto ter de fugir à vida, ao que sinto. É demasiada tortura. Basta! Arrasto-me até casa é insuportável estar a metros de ti e não poder abraçar-te. Voo para longe de ti sempre na esperança de que me impeças ou voes comigo…
Preciso de me acalmar, preciso de acreditar no amanhã mas é difícil guardar-te sem que a ferida renasça da cicatriz ainda por sarar…



Contentores
A carga pronta metida nos contentores
Adeus aos meus amores que me vou
P'ra outro mundo
É uma escolha que se faz
O passado foi lá atrás
Num voo nocturno num cargueiro espacial
Não voa nada mal isto onde vou
P'lo espaço fundo
Mudaram todas as cores
Rugem baixinho os motores
E numa força invencível
Deixo a cidade natal
Não voa nada mal
Não voa nada mal
Pela certeza dum bocado de treva
De novo Adão e Eva a renascer
No outro mundo
Voltar a zero num planeta distante
Memória de elefante talvez
O outro mundo
É a escolha que se faz
O passado foi lá atrás
E nasce de novo o dia
Nesta nave de Noé
Um pouco de féletra
Xutos & Pontapés