Instantes de mau estar, uma dor indescritivel, um espasmo que me afecta o coração, um torcicolo que não me deixa movimentar.
E porquê? Porque a tristeza é transmissível pelo menos a mim, porque por mais que o silêncio me mate... o teu olhar alienado, quando começas a abanar a cabeça que nem um perdido, quando não partilhas a dor que vai em ti... corrói não fazer nada apenas estar ali!
Fico deitada no leito, relembro e activo o rewind e o forward alternadamente e quando dou por mim estou a acordar. Passaram imensas horas... inacreditável! Acordo sobressaltada ainda a tentar perceber... adormeci! Adormeci a tentar perceber-te mas algo me fez adormecer... estranha experiência de bela adormecida pela dor de não partilhares, de não ter forças para continuar o dia, a tua passagem deixa marcas, mas a minha devoção por ti revela-se mesmo nas entrelinhas da minha preocupação, na somatização dos sintomas de distância e limites que impões a níveis de partilha tão pura, que poderia constituir alívio e bem estar.
Não! Não suporto a tua tristeza... é simplesmente transmissível, apodera-se lentamente como quem observa, tenta perceber a intensidade e profundidade da ferida mas é impedida pelas palavras: "não quero falar disso".
Respeito o silêncio agonizante e transmito o que de melhor sei, posso e permites...
Sei que sabes que podes contar comigo, que falar ajuda a não sofucares, que chorar não faz mal...
Porque sei que sabes que podes contar comigo e porque sei que não vale a pena insistir.
Porque até com o meu silêncio podes contar... Porque vieste e é ali comigo, que estás!
Porque!