quinta-feira, setembro 07, 2006

Reino encantado



Viver num mundo só meu. Acordar ao som de harpas que ecoam pelos jardins celestiais, onde as àguas cristalinas dos repuxos esculturais dançam sincronizadas dada a harmonia da melodia que ecoa. Vestir-me de azul, sempre de azul não, não me farto, existem tantas tonalidades de azul.
Perder-me na floresta, rodopiar para alcançar os pós mágicos que as fadas libertam na sua passagem. Correr de braços abertos sem direcção nem rumo e refrescar a face no lago da esperança vísivel em tons de azul, saltitar levemente nos nenufares que boiam. Mergulhar e sentir na pele a emoção de estar viva. Esticar-me na relva e sentir no sangue que flui em mim uma paz profunda que se estende pelo corpo todo. Erguer-me depois do descanso merecido e percorrer os cantinhos secretos onde depositei secretamente o afecto. Ter a certeza que a partilha do meu reino encantado não é possível sem erguer e reconstruir os vales e cantos sombrios que se estendem e corrompem a paz devagar e sorrateiramente. Nos jardins complexos labirintos mentais hei-de fazer a caminhada e encontrar a saída. Mas sozinha só eu posso entrar. O tempo que vai demorar não sei, só sei que o tempo é algo tão finito e infinito ao mesmo tempo, que assusta e aterroriza. Acredito na luz das estrelas que me tocam e fazem chorar e acredito que os anjos andam mesmo por aí e me protegerão da tempestade do inverno. Um dia destes. Um dia destes encontro a paz.