Existem momentos que não esquecemos. Formas de estar, viver e sentir. Não me lembro com a precisão como consigo reavivar neste preciso momento a intensidade de um beijo... não de vários. Um beijo intenso...com vida, o culminar da intensidade e vivência. A delicadeza e a tentativa de sugar tudo dos momentos delicodoces, de absorver vida. Os nossos lábios foram o expoente máximo de uma intensidade que trago gravada, despertando vezes sem conta o desejo ardente de o reviver. Pergunto-me porque nunca me beijaram assim, como nunca senti esta intensidade e uma vontade incontrolável de estar à altura das sensações e emoções, de dar e receber pelo puro gozo de elevar a fasquia de alcançar o nível máximo de adrenalina.
Ainda palpitante voa um beijo.
Donde teria vindo! (Não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?
É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.
E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...
Alexandre O'Neill, O beijo in 'No Reino da Dinamarca'