domingo, fevereiro 26, 2006

Livro-me!

Livro-me para esquecer o vazio...
Livro-me para sonhar com o azul...
Livro-me para que o tempo passe mais rápido enquanto demoras...
Livro-me porque o pôr do sol hoje me iluminou...
Livro-me porque amo as palavras, as frases bem feitas...
Livro-me porque me inspira...
Livro-me porque me faz acreditar num dia melhor...
Livro-me porque me faz sentir viva...
Livro-me porque me emociona...
Livro-me porque me cultivo...
Livro-me porque existe tanto por descobrir...
Livro-me porque quero mais, sempre mais ...
Livro-me enquanto não me folheias...

sábado, fevereiro 25, 2006

16 Dezembro


As árvores despidas de folhas. E ao fundo os carros frenéticos como balas de fogo em todas as direcções, cada uma têm um nó, que conduz ao restante braço que se eleva ao céu. Todas as árvores parecem estar de braços erguidos à espera de uma bênção que virá de algures acima. Algo que paira no ar, uma magia sublime que as proteja do frio do Inverno que aí vem e as seca, retirando-lhes a vida a cada rajada de vento e de frio cortante.
E aqui estou eu não de braços erguidos, mas igualmente despida de folhas, de vida, de pétalas perfumadas. Olho o maldito telemóvel a cada minuto que passa e entre cada minuto parece que passam horas tremendamente vazias.
Ontem não foi surreal, existiu. E eu absorvi-te em cada gesto. E o meu silêncio falou por mim. A dúvida, a confusão, o mistério que escondias transbordava pelos teus olhos, pelos teus lábios, pelo teu corpo… outrora de outra e não…nunca meu.
Certo tipo de dor é inevitável quando se vive um grande amor e nunca se entende muito bem essa perda. É como se levassem um pouco de nós, um pouco não, muito de nós e ficasse muito deles. Eu sei, eu também tenho medo. E também não quero sofrer, mas a esperança e a expectativa de ser feliz, fez-me esquecer tudo e querer o céu em detrimento de uma só estrela. Será que me compreendes? Será que queres tanto como eu voltar a viver, acordar sabendo que eu existo para ti tal como tu existes para mim? Interrogações que espero solucionar. Procura-me e diz-me algo em breve. Este dia parece não acabar mais. A agonia, confusão estão a dar cabo de mim. A minha escolha parece arriscada e existem outros caminhos a percorrer, que talvez me esperem…
Por favor dá-me sinais! Valerá a pena continuar este caminho até ti? Que vou encontrar no percurso? Ou será melhor voltar atrás e percorrer um outro percurso, que me espera doce e sincero sem mágoa, sem cicatrizes do tempo e com amor para me dar, daquele tão belo e puro quanto anseio, necessito e preciso de respirar neste momento. Vem até mim, dá-me respostas e beija-me desta vez com a certeza de que queres ficar… ou ir de vez!
16 de Dezembro 2004

domingo, fevereiro 19, 2006

Hemorragia de sonhos


Dispo-me de intenções, numa hemorragia de sonhos que se escapam nas entrelinhas do desejo e da vontade de alcançar o azul. Uma misera gota que seja de azul seria benvinda, mais do que benvinda acho que seria merecida para preencher a lacuna que insiste em criar um fosso de vazio entre mim e o mundinho que me rodeia e agride abruptamente numa intensidade gradual e crescente.
Apetece-me hibernar... adormecer para o mundo que não sentiria assim tanto a minha falta salvo raríssimas excepções.
Preciso de recuperar as forças, não aguento mais. Problemas atrás de problemas! Eu sossegada no meu canto tal qual um ìman que atrai o negativo. Com tanto trabalho a única coisa que me motiva e faz mover nos dias que correm. É gratificante interagir com jovens que precisam tanto que alguém lhes dedique um pouco de tempo para falarem sobre as suas dúvidas, os seus medos, os seus desejos e vontades. O que afinal eles precisam é de carinho, de um mimo, de um olhar atento, uma voz amiga, um abraço sentido! Às vezes os olhares, um simples olhar fazem-me reflectir tanto. Apetece-me correr em direcção àquele jovem e dizer-lhe conta comigo, eu estou aqui para ti. Apetece-me abraçá-lo e dizer que não está sozinho, que tudo se vai resolver. Mas fico ali parada... Sorrio e recebo por vezes o sorriso de volta. E o olhar já não é o mesmo é um olhar meigo e ternurento. Quando dou por mim... olho em volta e aquele olhar já não pertence a outrém ... sou eu ali absorta em pensamentos na esperança insana de que aquele sorriso tenha transmitido tudo o que não disse e queria ter dito.
Não sei como será o futuro só sei que me quero dedicar a tornar a vida dos outros melhor por pouco que seja e que esteja ao meu alcance. Não sei viver e agir de outra forma com todos aqueles que amo! E quero fazer o mesmo com os meus meninos...
Lamento amar-te sabendo que não me amas! Muitos chamam-me louca por insistir e acreditar na mudança. Acredito no poder das vivências, das lágrimas que não sentiste quando te tocava e me despedia aos poucos sempre com medo de te perder no instante seguinte. Mas não consigo não querer cuidar de ti, não querer mimar-te mesmo sabendo que poderás partir como tantas outras vezes mas a qualquer momento de vez. Mesmo quando não és metade do que poderias ser. Mesmo quando me fazes sofrer por não corresponderes minimamente às expectativas que crio de dia para dia.
Mesmo assim ...
AMO-TE
p.s. Haverá cura? Não quero saber.

sábado, fevereiro 18, 2006

Desilusão

Por todos os poros transbordo desilusão! Caminho sem rumo à procura de um único porto seguro, longe do emaranhado em que me envolveram, longe de todos os que não acreditam em mim ou nas minhas intenções. Depois de uma semana caótica constituida por momentos de puro atentado à sanidade mental de qualquer ser. Nem de propósito, semana do dia dos namorados, semana de aniversário, afecto precisa-se! E o príncipe voa para longe ... para perto do príncipe amigo. A luz está apagada, o corpo inerte, a alma desolada!
Recordo-me da música...
Momentum
"Oh, for the sake of momentum
I've allowed my fears to get larger than life
And it's brought me to my current agendum
Where upon I deny fulfillment has yet to arrive
And I know life is getting shorter
I can't bring myself to set the scene
Even when it's approaching torture
I've got my routine
Oh, for the sake of momentum
Even though I agree with that stuff about seizing the day
But I hate to think of effort expended
All those minutes and days and hours
I have frittered away."
Aimee Mann
Odeio com todas as forças que não me dês o beneficio da dúvida!!!
E por isso continuo a caminhada à beira-mar.
O mar inspira-me, acalma-me!
Que saudades do que erámos amiga lua!!!
Que saudades do que podíamos ter sido príncipe desnaturado!!!
Que desilusão!

sábado, fevereiro 11, 2006

O poema


Sonhei que algures existia um poema! Um poema só nosso. Mas esta noite tive um pesadelo: O poema não existia! Eram só brumas e um mar de pensamentos. Via-te ao longe mas não te alcançava apesar de todos os esforços. Ergui-me, vesti-me de branco e naufraguei. Mergulhei nas profundezas do meu ser. Sei que estiveste lá o tempo todo porque as estrelas do mar são amigas sinceras, cheias de esperança e me segredaram que precisavas de mim. Disseram-me que a tempestade devastava o teu céu estrelado. Tentei não sofrer por antecipação, não sofrer por ti e contigo, mas foi tarde demais. O eco surdo vindo do teu planeta acordou-me e não me deixou sossegar. Insónia, atrás de insónia! O silêncio mata-me! As amigas estão mais longe do que nunca. Sinto que o meu naufrágio se torna cada vez mais avassalador. E de repente dou por mim a reagir... o corpo continua cansado, as olheiras fazem parte do dia-a-dia, não sei onde fui buscar forças... volto à superficie. Olho em volta e nado até terra. De vestes brancas envio-te um pouco da minha força e espero afincadamente que a absorvas. Tenho de dormir, tenho de descansar senão desfaleço e não terei forças para mais uma semana. Parece que o poema existe só que está escrito nas entrelinhas do nosso sentir, da nossa cumplicidade, do nosso abraço.

sábado, fevereiro 04, 2006

Órbita da alma


"As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios.
Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?"
Oscar Wilde, in De Profundis

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Sombra do Tempo

Pressinto que nuvens e trovoadas se aproximam
Será que serão azuis ou cinzentas?
A neve não chega cá que eu sei
A última vez que nevou em Coimbra
Foi na semana em que nasci!
O vento ainda não me levou para voar
Anda frenético de um lado para o outro.
Haja coragem e alento
E esperança de que não se revele um céu cinzento
O tempo anda variado
E esgota-se em si mesmo e em mim
Contagem decrescente,
Corre, vive, absorve
Cada pedacinho de azul.
Sim, vem aí...
É a sombra do tempo!
E hoje apetece-me vento,
Apetece-me que chova em mim,
Apetece-me uma tempestade,
Apetece-me renascer de novo.
Recomeçar!
Amanhã quero azul!
Mesmo que seja a sua sombra!