sábado, fevereiro 11, 2006

O poema


Sonhei que algures existia um poema! Um poema só nosso. Mas esta noite tive um pesadelo: O poema não existia! Eram só brumas e um mar de pensamentos. Via-te ao longe mas não te alcançava apesar de todos os esforços. Ergui-me, vesti-me de branco e naufraguei. Mergulhei nas profundezas do meu ser. Sei que estiveste lá o tempo todo porque as estrelas do mar são amigas sinceras, cheias de esperança e me segredaram que precisavas de mim. Disseram-me que a tempestade devastava o teu céu estrelado. Tentei não sofrer por antecipação, não sofrer por ti e contigo, mas foi tarde demais. O eco surdo vindo do teu planeta acordou-me e não me deixou sossegar. Insónia, atrás de insónia! O silêncio mata-me! As amigas estão mais longe do que nunca. Sinto que o meu naufrágio se torna cada vez mais avassalador. E de repente dou por mim a reagir... o corpo continua cansado, as olheiras fazem parte do dia-a-dia, não sei onde fui buscar forças... volto à superficie. Olho em volta e nado até terra. De vestes brancas envio-te um pouco da minha força e espero afincadamente que a absorvas. Tenho de dormir, tenho de descansar senão desfaleço e não terei forças para mais uma semana. Parece que o poema existe só que está escrito nas entrelinhas do nosso sentir, da nossa cumplicidade, do nosso abraço.