domingo, fevereiro 19, 2006

Hemorragia de sonhos


Dispo-me de intenções, numa hemorragia de sonhos que se escapam nas entrelinhas do desejo e da vontade de alcançar o azul. Uma misera gota que seja de azul seria benvinda, mais do que benvinda acho que seria merecida para preencher a lacuna que insiste em criar um fosso de vazio entre mim e o mundinho que me rodeia e agride abruptamente numa intensidade gradual e crescente.
Apetece-me hibernar... adormecer para o mundo que não sentiria assim tanto a minha falta salvo raríssimas excepções.
Preciso de recuperar as forças, não aguento mais. Problemas atrás de problemas! Eu sossegada no meu canto tal qual um ìman que atrai o negativo. Com tanto trabalho a única coisa que me motiva e faz mover nos dias que correm. É gratificante interagir com jovens que precisam tanto que alguém lhes dedique um pouco de tempo para falarem sobre as suas dúvidas, os seus medos, os seus desejos e vontades. O que afinal eles precisam é de carinho, de um mimo, de um olhar atento, uma voz amiga, um abraço sentido! Às vezes os olhares, um simples olhar fazem-me reflectir tanto. Apetece-me correr em direcção àquele jovem e dizer-lhe conta comigo, eu estou aqui para ti. Apetece-me abraçá-lo e dizer que não está sozinho, que tudo se vai resolver. Mas fico ali parada... Sorrio e recebo por vezes o sorriso de volta. E o olhar já não é o mesmo é um olhar meigo e ternurento. Quando dou por mim... olho em volta e aquele olhar já não pertence a outrém ... sou eu ali absorta em pensamentos na esperança insana de que aquele sorriso tenha transmitido tudo o que não disse e queria ter dito.
Não sei como será o futuro só sei que me quero dedicar a tornar a vida dos outros melhor por pouco que seja e que esteja ao meu alcance. Não sei viver e agir de outra forma com todos aqueles que amo! E quero fazer o mesmo com os meus meninos...
Lamento amar-te sabendo que não me amas! Muitos chamam-me louca por insistir e acreditar na mudança. Acredito no poder das vivências, das lágrimas que não sentiste quando te tocava e me despedia aos poucos sempre com medo de te perder no instante seguinte. Mas não consigo não querer cuidar de ti, não querer mimar-te mesmo sabendo que poderás partir como tantas outras vezes mas a qualquer momento de vez. Mesmo quando não és metade do que poderias ser. Mesmo quando me fazes sofrer por não corresponderes minimamente às expectativas que crio de dia para dia.
Mesmo assim ...
AMO-TE
p.s. Haverá cura? Não quero saber.