Num monólogo interior... à lareira... olho para dentro. Nem sempre sei definir o que vejo e nem sei se quero definir o que não vejo mas sinto. Aproximo-me para que o calor dos pensamentos não se liberte para longe e se entranhe no corpo qual abraço de energia revitalizante. Mantenho-me atenta para que a fogueira não se apague na tentativa de encontrar um diálogo que faça sentido no meio do estalar da madeira que arde vorazmente, como se transfigurasse no desejo latente. Fecho os olhos, respiro fundo e apesar de não encontrar sentido algum, continuo a alimentar o meu coração com lenha para que a lareira continue a ser uma lareira quentinha e acolhedora. Ali sinto-me protegida, quente e protegida. Sem rumo mas protegida. E acho que não haverá nada mais sensato do que ali permanecer. Chega de frio e vazio. Algures surgirá a cinza e o pó mas aí já eu dormirei um sono profundo que me anestesia até à próxima etapa acender de novo a lareira.