Diz a música .."So if another door closes... I hope you see the window opening ..." não me canso de a ouvir .. conheço-me ... sei da complexidade de que se revestem os meus dias face a uma situação de abandono emocional, mas não sabia da profundidade e dos níveis absurdos ... das doses incríveis de sofrimento que me esperavam desta vez. Agora mais do que nunca percebo quando dizemos "nunca fui tão feliz na minha vida", efectivamente quando o dizemos é sentido e verdadeiro mas se alguém nos ouvir dizer duas vezes vai achar que não sabemos identificar a felicidade ou os momentos felizes. Sei que atingi níveis de maturidade e de compreensão sobre a vida que me permitem dizer sem pestanejar e com toda a convicção de que posso demonstrar e sentir. Sei que fui feliz tanto mas tanto que me debato todos dias numa luta interior, num conflito aceso para compreender o que me aconteceu. De todas as pessoas que cruzaram o meu caminho, nunca tive o privilégio de sentir a troca recíproca, o equilíbrio, o amor incondicional de que toda a minha vida me queixei de nunca ter sentido. Agora de rosto repleto de lágrimas já posso dizer que o senti, que o senti e vivi intensamente. E não consigo aceitar que tenhas partido com motivos vazios, não aceito que consigas ser frio ao ponto de compartimentar a vida, não consigo aceitar que depois da partilha intensa não sintas nada, não consigo... acaba comigo, acaba com a minha aceitação de mim mesma. Destrói-me todos os dias um bocadinho mais, corrói-me o interior e os meus pensamentos são tão corrosivos ... absorvem cada segundo do meu dia. Não consigo prestar atenção à vida, apenas dar colo à minha não vida. Dormir, quando consigo dormir é a maior bênção. É aquela parte do dia em que deixo de falar contigo como se sentisse o teu folego sobre o meu ombro, ou como se estivesses ao meu lado ... e quando dou por mim tenho a ilusão de ter dito o que pensei... e estou neste mundo paralelo em que tu existes e me fazes mal. Como pode uma pessoa que nos fez tanto bem, tornar-se na pessoa que nos faz tanto mal...
Sinto-me doente. Tento a cada dia que passa deixar-te ir ... tento repetir vezes sem conta a mim mesma que vai passar ... e nervo-me nesta luta entre mim, bem dentro de mim. Sei que no tempo e espaço encontrarei a paz... que tanto preciso, que tanto aspiro. Desejo todos dias que não tivesses entrado na minha vida. Não suporto esta dor de te perder. Mas sobretudo não suporto este silêncio que assumi nesta nova etapa de afastamento, não me perdoo por não lutar mais por ti... Comportamento gera comportamento. Não te perdoo a ti, sobretudo a ti por fazeres igual aos outros por me abandonares, não te perdoo desistir de nós e do que construímos. Não te perdoo o egoísmo. Não te perdoo, e isso dói-me profundamente.