Tão nítido...

"No ponto onde o silêncio e a solidão
Se cruzam com a noite e com o frio,
Esperei como quem espera em vão,
Tão nítido e preciso era o vazio."

Sophia de Mello Breyner Andresen

O meu coração estremece cada vez que existem pensamentos e caminhos que me levam a revelações imensas do passado. Recentemente fiz a reconstituição de passos que dei e opções que fiz. Para variar quando as coisas não correram bem peguei num dos meus cadernos em branco, à espera de rascunhos e coisas afins. Comecei uma caminhada de recuperação de um estado de perda e luto que me levaram fundo. Pelo caminho li que nem uma perdida, sublinhei livros e transcrevi frases inspiradoras e motivacionais para um caderninho que comprei há uns anos. Hoje foi o dia de pegar no caderno, estou emocionada parece que voltei aquele momento. Já não me lembrava da profundidade das coisas que ali escrevi, do percurso que fiz. A intenção era agarrar-me a este caderninho cada vez que precisasse de força e palavras de alento ou simplesmente para descrever sentimentos e agonia. Foi como se previsse o quanto me tocam e escrevesse para mim própria como se fosse ler anos depois o que escrevi. Done! Passaram apenas cerca de dois anos e ainda assim ...faz tudo tanto sentido. Aqueles textos meu querido mexeram comigo naquela altura mas ainda mais agora. O amor é algo incrivelmente estranho, o amor é paciente, sofre que nem um perdido em silêncio e quando acorda e toca o outro pode já ter desaparecido simplesmente, porque eu vi, senti o amor mas não o reconheci e valorizei o suficiente. O tempo que me dedicaste, as gotas de azul, as músicas, as partilhas e eu perdida em caminhos tresloucados. Ai, vida como proteger-me de mim própria ... é mesmo preciso perder o equilíbrio para o voltar a reconhecer e valorizar. Dizem que tudo acontece por um motivo, ou melhor tudo tem subjacente uma lição ou aprendizagem, lesson learned! O amor de tão simples torna-se complexo, dá mil voltas ... o mundo também dá muitas voltas, o que tiver que ser meu será, No worries!