sexta-feira, dezembro 30, 2011

Resumo do ano

"Perdi-me dentro de mim porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto 
É com saudades de mim."

Dispersão, Mário Sá Carneiro

Existem poemas que guardo comigo ao longo dos anos e aos quais volto sempre. Hoje entendo o quanto  este senhor conseguiu expressar o que sempre senti nos momentos mais recônditos do meu ser. Quando a solidão me atravessa e sinto que já não sei viver com ela, a vida mostra-me o quanto ainda tenho para aprender, o quanto ainda tenho que me aceitar, o quanto não nutro de um amor incondicional por mim própria que seria fundamental para me dar forças nesta caminhada. 
Hoje voltei a folhear o meu caderno de frases deste ano e volto a reescrever o poeta dos poetas. Preciso que a sua sabedoria me ilumine, me faça entender que a luz está dentro de mim mas isso não basta tenho que acreditar nela e na sua força.

"Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não podemos crescer emocionalmente. Enquanto não atravessarmos a dor da nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um."

Fernando Pessoa, O grande...






terça-feira, dezembro 20, 2011

Wishlist II

Estou numa luta constante entre a minha escuridão e a minha luz. E por mais voltas que dê, por mais que me controle, por mais esforços que faça, por mais que tente libertar todas as energias negativas, volta sempre a nuvem. É verdade que não tenho motivos para sorrir, aliás tenho .... saúde, tenho uma família que me apoia imenso, tenho amigas especiais que fazem do longe perto e estão sempre por perto.
Não estou bem, estou profundamente triste. É quase Natal e só me apetecia acordar em Março. Não existe luz que vislumbre neste momento. Estou para lá de triste na fronteira entre não sei quem sou e para onde vou. Não é agradável. O balanço deste ano é tudo menos positivo. Queria sentir forças para reagir, para arriscar, para ir para fora sem pensar em tudo e todos. Mas sobretudo queria ficar, ter a possibilidade de criar um cantinho só meu, ser livre de dependências económicas, poder trabalhar e sorrir. Sei quanto consigo embrenhar-me na solidão mas também sei que se aspiro algo, encontrar algo intermédio ou verdadeiramente fora de expectativa sei o quanto me deprime, sei o quanto vou definhar, sei........ já estive nesse lugar e não é bom. É verdadeiramente mau. Mais do que angustiante é um passo para o abismo interior. Existem limites para o sofrimento mas se existe algo que me causa sofrimento suficiente é sentir que as minhas capacidades estão aplicadas em actividades que em nada alimentam o meu sorriso e nada me fazem sentir valorizada. Sei o quanto preciso de um empurrão de luz, uma injecção tremenda de vida, preciso de oportunidades e não sei que maiores esforços posso colocar em prática para as alcançar. Sei o quanto preciso de sentir que não faço a caminhada sozinha, sei o quanto me pesa, sei o quanto preciso de me sentir bem sozinha e não sei onde está o equilíbrio. 
Estou esgotada por nem sempre ser compreendida, sobretudo por não ser tolerada, por não ser respeitada. Estou esgotada por me sentir diferente e sentir que as pessoas mais próximas não poderem perceber o meu espaço, o meu silêncio. 
Preciso urgentemente de amor, preciso de percorrer novos caminhos, preciso de me sentir a respirar. Preciso de sair daqui.

domingo, dezembro 18, 2011

Wishlist

É quase... quase Natal. Ou talvez já seja Natal no meu coração não é um dia é uma época. Ao longo dos anos de faculdade foi sempre uma época de dias quentinhos à lareira a estudar horas a fio numa preparação incessante para os exames. Era tempo de chegar à terrinha, acordar, não tirar pijama e sentar-me à lareira com os imensos apontamentos. Adoro o Natal e nos últimos anos digo sempre que é das épocas que mais detesto pois é das épocas que mais mexe comigo. É como se fosse uma combinação bombástica de emoções e sentimentos aliados a uma época de amor,  que nem tempo nos dá para assimilar todas essas emoções porque quando damos por nós já passou e já é tempo de fazer o balanço do ano com a passagem de ano, qual morte súbita, que nos faz recordar em flashback todos os momentos mais significativos do ano. E como se esta mistura explosiva não bastasse dali a um mês e pouco é o meu aniversário. São três momentos do ano que me deixam sempre knock out. São talvez os momentos que mais gostaria de ter partilhado nos últimos anos com alguém verdadeiramente especial. E agora são apenas aqueles anos somados em que ano após ano, ninguém esteve lá para mim assim. Não foi um ano, não foram dois, foram cerca de dez anos dedicados a uma vida em que as pessoas amigos e companheiros de fases boas e menos boas estiveram lá de forma fugaz. Nem sempre soube reconhecer o amor em pequenos gestos e lamento muito. Quando vivemos à espera de que as pessoas nos valorizem verdadeiramente, quando esperamos tempo demais por algo maior, quando optamos por acreditar que algures vai acontecer alcançarmos o que tanto desejávamos... perdemos momentos preciosos por desejarmos algo mais especial.... aquele sentimento que nos enche de vida e faz sentir verdadeiramente queridos e amados. Este Natal desejo apenas que essas pessoas todas sintam o quanto as amo, de diferentes formas mas amo e o quanto fazem parte de mim. Desejo que em especial uma pessoa consiga sentir em dobro dentro de si toda a energia e amor que este ano me fez sentir. Desejo especialmente que essa energia e toda a que possa reunir no seu coração se harmonize ao ponto de a fazer sentir especial e de conseguir miraculosamente curar todas as energias negativas e sentimentos que bloqueiam a vida e a harmonia. E se estes desejos se concretizarem este Natal será verdadeiramente abençoado.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Mente tagarela

" A luz é demasiado dolorosa para alguém que queira permanecer nas trevas." ECKHART TOLLE

No último mês comprei mais livros que no ano todo. E eu compro sempre livros demais, existe uma atracção entre mim e as livrarias. Se existe algo que adoro é passear por uma livraria e ver as novidades. Colocar nas minhas listas mentais quais serão os próximos, quais farão parte da minha biblioteca pessoal e mágica daqui a uns anos. Sou tremendamente materialista neste aspecto. Imagino sempre que um dia vou ter uma biblioteca linda, um espaço bem iluminado com um cadeirão em baloiço bem fofinho, assim um cantinho do céu.
Adoro percorrer um livro e sublinhar as minhas partes favoritas, adoro passado uns dias, meses ou até anos recordar as partes que sublinhei. Adoro lembrar-me de determinada parte e conseguir encontrá-la em segundos porque está sublinhada. Adoro ser feliz com as minhas frases e sentir-me bem com a sabedoria que estas emanam. Tenho lido para além da conta.Tem-me ajudado para além da conta. Tem sido uma grande terapia. Ler e escrever são pilares da minha pessoa desde que me conheço. Tenho imensos cadernos e caderninhos de cores, feitios e tamanhos diversos. Tenho tantas histórias e pensamentos escritos, tenho os meus amores em diários que representam verdadeiras viagens ao passado.
O último livro que li tinha esta frase incrível, tenho-me dedicado a leituras mais espirituais cheguei a um ponto de ruptura bastante esgotante e a minha porta para uma iluminação maior tem sido sem duvida a leitura. Nos últimos tempos tenho percebido o quanto me tenho feito sofrer por ser tão agarrada às minhas ideias mentais, por ter uma mente tão tagarela e compulsiva que mal consigo acompanhar. Consigo perceber agora o quanto temos o poder e a energia para travar o pensamento compulsivo e os sentimentos compulsivos. Tenho dias melhores que outros, nem sempre consigo controlar ou travar os pensamentos negativos que me geram sofrimento atroz. A minha mente é capaz de reproduzir e analisar pormenores inacreditáveis e atribuir-lhes significados imensos. Consequentemente, quanto mais significados atribuo mais espero de determinada situação ou de determinada pessoa. A mente é um labirinto esgotante que podemos escolher abrandar e controlar para não nos submetermos a doses incríveis de sofrimento. Estou a aprender a lidar com esta nova aprendizagem, estou a tentar pensar menos e a sentir a energia positiva que sei que trago comigo. Espero conseguir atrair muita energia positiva e fazer chegar às pessoas que me rodeiam o quanto as amo e lhes quero bem. 



sexta-feira, dezembro 09, 2011

No matter what


Não estou a conseguir controlar o vaivém de emoções, o estado a que as coisas chegaram é tão degradante. Entristece-me até ao tutano, esgota-me, não existe brilho, não existe luz. Não existe nada que possa admirar, não existe uma réstia de esperança neste momento. Existo eu apenas, na encruzilhada a que cheguei, sem rumo. E não existe nada de que orgulhe depois de ter dito tudo o que pensava e sentia. Não me arrependo de nada, apenas pensei que a sinceridade me valesse mais do que valeu. Achei que a pureza do ser pudesse fazer brotar a luz e mostrar o quanto se pode ser livre. O quanto se pode demonstrar e deve dizer tudo, o quanto não devemos guardar para prolongar o sofrimento. Achei que a vida ia ser generosa, achei que tinha aprendido a não sofrer para dentro, achei que estava a fazer tudo de forma diferente e melhor... E afinal a intenção, não passou disso de intenção. É muito difícil encontrar pessoas puras, mas mais difícil de superar é achar que encontramos pessoas assim e estarmos terrivelmente enganados. É algo que nos devora as entranhas, ter que assumir que afinal aquela pessoa por quem púnhamos a mão no fogo, que vimos chorar, com quem lavamos a alma e renovamos a vida, que essa pessoa não reage aos mesmos valores.
Resta-me parar de olhar para trás, impedir-me de respirar este ar, cortar as amarras, deixar de procurar respostas a perguntas... a transparência das vivências não é para todos. A capacidade de comunicação, interpretação e de expressão não é igual. Somos todos tão diferentes e tão iguais. E transtorna-me, irá sempre transtornar-me a falta de valores. E o quanto as pessoas não estão lá umas para as outras no matter what. 

domingo, dezembro 04, 2011

The start of my greatest fight...


É agora que começa a dor que consegue ser mais excruciante. É agora que tenho que me parar. É agora que tenho que me obrigar a reagir. É agora que a luta interior se intensifica. Não me posso permitir continuar a lamber as feridas ... sei que se o continuar a fazer passarão dias, meses e anos e eu estarei aqui a afundar-me. Está na hora de quebrar o ciclo, não me posso negligenciar a esse ponto novamente. Não me posso afundar novamente a esse nível destrutivo. Não posso, mas não sei se consigo. Ainda estás aqui cravado no meu peito. Ainda sinto um amor profundo, ainda me derreto ao ver o teu sorriso, ainda sinto o teu abraço forte, o teu perfume, a tua voz, o teu beijo...ainda espero um milagre que mude tudo. Que nos faça ser pessoas melhores. Ainda acredito que a qualquer momento me digas que a vida vale a pena ser vivida nas asas do teu voar. 
Eu tentei, à minha maneira, tentei ser uma pessoa melhor. Tentei engolir o orgulho, todo o ressentimento e mágoa. Tentei por momentos abdicar desses sentimentos que me afastam de ti e ser pura e genuína. Mais uma vez me afundei. Tenho que me agarrar a um egoísmo que não sei onde ir buscar, a sentimentos que tenho que construir do nada e não sei onde buscar. Tenho que buscar caminhos ainda que os odeie e me façam sentir mal, e ser uma pessoa que não quero ser. Tenho que voar ainda que não saiba voar sozinha. Tenho que ter forças ainda que queira deitar-me e esquecer que existo. Tenho que te deixar partir ainda que saiba que te vou esconder no canto mais especial do meu ser. Tenho que te deixar de respirar, ainda que isso seja perder o sentido, os significados que tanto me agarram à vida. Tenho que me perder nos caminhos tortuosos vezes sem conta até encontrar os certos novamente. Não quero ouvir palavras de conforto...  quero sentir, quero perder-me no meu vazio,  andar com a nuvem o tempo necessário para lhe chamar amiga. Caminhar sem rumo, até conseguir suster a respiração e sentir-me viva. Até chorar incessantemente e sentir que as memórias não estão tão definidas e claras. Até que as emoções e sentimentos se dissipem e já não saiba percorrer os trilhos que me levam até ti. Sei que vou parar e olhar para trás à tua procura. E sei que não estarás lá para me dar a mão. Dói e irá doer por tempo indeterminado. 


quinta-feira, dezembro 01, 2011

Up and down


É incrível como me agarro a ti, como não te quero deixar partir. Como me afecta o quanto não estás ao meu lado. O quanto me consegues ser indiferente. Quero tanto conseguir deixar-te ir, aceitar. Quero aceitar e sentir-me em paz. Quando consigo sentir-me em paz de repente a minha mente arranja uma forma de me fazer sentir em permanente conflito, razões que a própria razão desconhece. E então luto, envolvo-me numa teia comigo mesma e com as minhas convicções. Faço-me acreditar que existe sempre a possibilidade de as pessoas serem melhores, iludo-me com a capacidade de diferenciar as pessoas e a capacidade de serem humanas e sensíveis. E, na maioria das vezes não percebo que sou eu que tenho uma sensibilidade extrema face aos acontecimentos. É como se acreditasse que as pessoas ao passarem por mim jamais me poderão magoar porque o que vivemos assume proporções imensas de uma pureza que me faz suspirar... Sou tão pretensiosa, sou tão pequenina, sou tão eu. E então ando neste zig, zag exaustivo e perpetuo o ciclo vicioso vezes sem conta. Um dia acordo e estou bem comigo, consigo equilibrar as pensamentos, abster-me de acreditar que algo vai mudar... e existe uma paz nisso, uma paz que nos faz não ter expectativa e absorver os dias simples. Outro dia, acordo com uma angústia tremenda, um fervilhar de emoções e sentimentos que me arrastam e fazem agir e talvez afastar-te ainda mais de mim só por te querer aqui cada vez mais a cada dia.

sábado, novembro 26, 2011

Gosto de ti

Hoje sinto um desalento tremendo. As emoções são tantas e variam tanto ao longo dos dias... nem sempre é fácil lidar com elas, aceitá-las. Continuar o caminho, significa às vezes não entender no momento, às vezes é só para sentir. Ontem lançaste aos olhos de todos, a frase «Gosto de ti»... e eu palerma naquele micro-segundo achei que era para mim. Que era a tua forma de chegar até mim. No segundo seguinte senti-me irritada com uma raiva tremenda... não seria para mim ... tu sabes que odeio exposição a esse nível. Olhei várias vezes ... e  revesti-me de um manto de tristeza ... as pessoas hoje em dia não dizem cara na cara gosto de ti, as pessoas usam as sms's, o facebook, o messenger, o skype e tantas outras formas de se expressar. Também às vezes caio nessa tentação. Tenho que me lembrar mais vezes de me expressar, de dizer o que penso, de ser mais genuína. Tenho que me lembrar que os afectos são tão preciosos que devem ser mimados e cuidados tantas vezes quantas possíveis olhos nos olhos, mãos nas mãos.
Toda e qualquer pessoa que não tenha a coragem de dizer, olhos nos olhos o quanto gosta da outra devia ser castigada, até conseguir fazer esse exercício. E, sim pode levar com uma tampa enorme. Não existe nada mais belo e sincero do que falar abertamente do que se sente. Os homens não são educados para dizerem a toda a hora o que sentem... pelo contrário a nossa sociedade pune muito o sexo masculino neste aspecto. Por isso quando vejo seres vivos imensos a expressarem-se a serem espontâneos, sorrio muito. É como se espalhassem magia e pózinhos de perlimpimpim, semeiam luz que se reproduz.. e é maravilhoso ver a magia a circular.
A energia negativa por outro lado, em vez de brilhar, bloqueia, inibe, faz vir ao de cima o pior... e se existe temos que aprender a lidar com ela. Odeio que me digam que a tristeza vai passar... odeio que as pessoas não consigam aceitar a tristeza umas das outras, odeio que as pessoas não saibam lidar com a tristeza e a bloqueiem para mais tarde a virem a sentir com uma intensidade ainda mais profunda e marcante. É preciso sentir o que quer que seja, sem o negar. Hoje estou triste apetece-me ouvir o piano a chorar vezes sem conta. Apetece-me chorar com ele, apetece-me transbordar todas as emoções negativas. Li algures que o acto de chorar permite que as energias se renovem, liberta-nos. Quero ser livre, sei o quanto ainda me prendo a ti. O quanto ainda te abraço, estou a lutar para te deixar ir de dentro de mim. Gosto de ti, sim. Gosto tanto de ti e, por isso, quero-te ver livre e feliz. Quero ser feliz também.

quarta-feira, novembro 23, 2011

Preencher o vazio


Olhar para dentro. Ouvir o que o coração nos pede. Aceitarmos a pessoa em que nos tornamos sem perder de vista as aspirações e objectivos rumo à realização pessoal. Construir pequenas metas a serem alcançadas todos dias. Deixar de te procurar, de te ver, de ter necessidade de te sentir ali longe mas à vista... Perder o controlo, deixar-te ir... custa-me este mundo e o outro. Quando o que continua a pulsar dentro de mim é a vontade incontrolável de correr para ti... de te abraçar... de te perdoar. Tenho medo deste sentimento. Tenho um medo terrível de ser rejeitada, sei que de momento não teria forças para o suportar. É esta a luta dos dias que correm devagar... mas cada vez mais tranquilos. Já consigo aceitar a tua ausência, já consigo compreender. Já não me sinto num conflito pesaroso e sombrio. A luz começa-me a invadir, começo a estipular e estabelecer prioridades. Começo a sentir-me feliz comigo. Esta semana fiz uma pequena viagem a um sítio espiritual... levei comigo duas pessoas incríveis, não existe força e luz maiores que nos iluminem senão a aceitação incondicional que a amizade nos presenteia. Faz-nos desarmar e deixar de dar ouvidos ao crítico incessante que temos dentro de nós. Ajuda-nos miraculosamente a sarar as feridas, a ver a luz, a acreditar em nós e nas outras pessoas.
Ouvi o silêncio, ouvi-me, chorei a tua ausência, verbalizei a minha interpretação dos factos, de todo este processo. Senti-me impotente e pude aceitar a minha incapacidade, a minha pequenez para mudar o que não está ao meu alcance. Aos poucos vou-me reestabelecendo, tenho momentos em que não sei ainda interpretar o que sinto. Mas tenho momentos valiosos de pura clarividência. Converso muito contigo e rio-me de mim a cair na ilusão de te ter por perto. Assim passam os dias.

sexta-feira, novembro 18, 2011

Parar, abastecer...


Aqui parada em frente ao ecrã, estava a pensar no quanto hoje não sei definir o que sinto. Se ontem me fazia rir a ironia da vida, hoje estou bem séria... a olhar para o vazio, cai-me o rosto sem expressão sobre o teclado gasto. Os degraus são imensos e as forças para olhar para cima e subir são a este ponto escassas. Espero acordar amanhã de energias renovadas. Foi uma noite pesada, um turbilhão de pensamentos, a cabeça às voltas com tantas verdades e revelações. Estou naquele corredor entre o passado e futuro e inevitavelmente continuo a olhar para o passado e a reviver tudo, a analisar tudo para ver se não ficam dúvidas, se não estarei enganada nas minhas percepções. As memórias bloqueiam o meu fluir, não me deixam partir e não te deixam partir facilmente. Ainda te procuro, ainda te sinto, ainda te quero aqui. Sei que vai passar, tem que passar. O que não passa neste preciso momento é aquela esperança, aquela luz pequenina... aquela réstia de luz...que me lembra que ainda estás aqui bem dentro de mim. Deixar-te partir, não pensar em ti, não te querer aqui, é das missões mais dolorosas. E aqui para nós devia ser proibido! Um dia de cada vez. Não posso dar passos para trás. Existem dias em que mesmo que não consigamos seguir em frente é preciso parar, abastecer, antes de seguir caminho.

quinta-feira, novembro 17, 2011

Verdades reveladoras


Lembro-me dos tempos de estudante, em que a minha melhor amiga estudante de psicologia estava a estudar para um exame e partilha comigo o que estava a estudar. Disse ela um dia: «Segundo o que diz aqui devemos fugir da paixão.» Fiquei a pensar naquilo, nunca me esqueci pelo impacto que me causou. Fugir da paixão? What? Fugir daquele sentimento que nos faz parar no tempo e sentir vivos? Not a chance, I want it so bad. Agora já entendo, agora essa verdade fica clara. Agora entendo a diferença entre Eros (amor apaixonado) e Agape (amor mútuo profundo, livre de paixão), é tão estonteante e tão difícil de alcançar esta diferença, tão difícil aceitá-la. 
Ainda estou a digerir, acabo de perceber que fui abandonada porque ele não conseguiu lidar com o agape... a tal tranquilidade que se reflecte pela ausência da paixão inebriante. Toda a minha vida procurei o Eros, toda a minha vida pensei que devia procurar o tal click, toda a minha vida fiz o contrário do que os psicólogos dizem e toda a minha minha sofri. 
No dia em que encontrei o Agape, ele abandonou-me porque dizia gosto de ti mas não sinto o tal click. Apetece-me rir à gargalhada, correr para ele e contar-lhe das minhas descobertas e verdades. Se a vida consegue ser irónica, este momento é efectivamente o cúmulo da ironia. 
Não percorri, ainda, a minha estrada rumo à descoberta e desenvolvimento pessoal que necessito para estar com alguém. Mas não devia alguém ter-me explicado isto antes e evitar tanto sofrimento? A resposta é não! E por isso, não devo partilhar contigo, devo deixar-te ir percorrer a tua própria estrada. A prova de que ainda não estou preparada é este impulso forte de te contactar e partilhar, resgatar-te enquanto é tempo... ;-)... as desculpas que damos para justificar cair no mesmo esquema são tramadas, verdadeiras armadilhas...:-p 
Preciso de construir bem os alicerces para não desmoronar de novo. O meu mundo desmoronou, a minha vida parou face aos níveis de vazio que sentia, preciso de me cuidar, preciso de me dizer a mim própria todos dias que um castelo não se constrói num dia. 

"Pedras no caminho? Guardo-as todas .... Um dia .... um dia .... construirei um castelo!"


quarta-feira, novembro 16, 2011

(Des)Construção...


"Deito fora as imagens, sem ti para que me servem as imagens? Preciso habituar-me a substituir-te pelo vento, que está em toda a parte e cuja direcção é igualmente passageira e verídica. Preciso habituar-me ao eco dos teus passos numa casa deserta, ao trémulo vigor de todos os teus gestos invisíveis, à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve a não ser eu. Serei feliz sem as imagens. As imagens não dão felicidade a ninguém. Era mais difícil perder-te, e, no entanto, perdi-te. Era mais difícil inventar-te, e eu te inventei. Posso passar sem as imagens assim como posso passar sem ti. E hei-de ser feliz ainda que isso não seja ser feliz."

Raul de Carvalho

terça-feira, novembro 15, 2011

Long road...


"Existe muito sofrimento na vida e talvez o único sofrimento que possa ser evitado seja o sofrimento causado por tentar evitar o sofrimento. Laing

Toda a minha vida me orgulhei de mim, dos meus sentimentos, tanto que sempre consegui ir além, alcançar níveis de sofrimento tão inimagináveis... justificar a mim mesma porque continuava a estar ali para alguém que não estava ali de forma recíproca. 
Começo a entender cada vez mais a importância de preencher o vazio, de deixar de cuidar dos outros e estar lá para eles. Começo a entender a importância de ser egoísta e cuidar de mim. Algures entre o que sei e o que consigo alcançar existe um certo abismo, uma voz que me relembra vezes sem conta então e os valores e a happiness only real when shared?! Afinal é preciso moderar o sentir tudo de todas as maneiras, o viver o momento, o estar lá para os outros. Como se preenche o vazio... é essa a estrada que agora percorro. Sei algumas respostas, mas olho para elas e olho para eles lá trás.. todinhos e não consigo não me preocupar. Não pensar, não imaginar se estão bem, como estão. Dado que entraram na minha vida para mim isso é sinónimo de me preocupar de estar lá ad eternum. Tão tolinha! Sempre me orgulhei por ser uma excelente cuidadora, todos os que me abandonaram .... voltaram uma, duas, três vezes ou mais.... Agora percebo a eficácia do meu colo, o quanto o porto de abrigo que consigo ser traz paz, acalma, conforta, faz com que as pessoas se sintam amadas. Costumava usar a metáfora de que estavam o tempo suficiente para me sugar tudo o que tinha de bom, para receberem amor e mimo, abastecer e seguir vida fora. Não existe nada de mais estimulante do que nos sentirmos amados, nada nos levanta mais a moral mesmo que o sentimento não seja recíproco e não tenhamos essa noção. Dá-nos a sensação de termos valor, valoriza-nos tanto que inconscientemente sentimos uma força que nos permite assumir o controlo novamente. O reforço ao nível da auto-estima representa um estado de euforia e adrenalina verdadeiramente libertador.
O problema, o grande problema da questão é a abnegação por que passei ao longo desses anos, o quanto me infligi sofrimento e dor, o quanto me privei de ser cuidada, o quanto não fui egoísta, o quanto me destruí sem saber. Viver o momento, estatelar-me contra a parede, levantar-me ... eu assumi vezes sem conta o desafio.. eu não sabia o quanto me estava a afundar, o quanto me menosprezei, eu não sabia, eu não consegui identificar o quanto eu merecia igualmente o amor incondicional. Achava que tinha uma capacidade e flexibilidade para aceitar as pessoas na minha vida imensa e os outros não eram mais exigentes. Hoje sei que cuidar dos outros era uma forma de investir neles e achar que podiam mudar e efectivamente fazê-los olhar para mim. É tempo de olhar para mim, de me cuidar, de preencher o vazio.... Como? Não sei ...




I think last night you were driving circles around me ...

...and I'm still waving saying goodbye... but my broken heart wont let you go!









segunda-feira, novembro 14, 2011

Angústia


Esta Velha Angústia Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.

Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim... 

Álvaro Campos

Healing Process


Estou a tentar aprender de novo a viver no meu silêncio, na minha bolha de privacidade, na minha solidão outrora, tão preciosa e tão necessária. Depois da tua passagem a minha solidão parece um filme de terror. Como diz o poeta, já não sei andar só pelos caminhos. Parece a coisa mais assustadora que terei que re-aprender. O meu telemóvel ficou mudo e quando dou por mim, na ilusão de que ainda estás comigo, ainda espreito ao de leve... As mensagens de bom dia, de boa noite, as mensagens até altas horas incessantemente já não existem, em vez disso o silêncio. As horas a fio, o tango conversacional terminou. A dança que era a nossa comunicação do dia-a-dia, a dança feliz em que nos inebriávamos terminou. Já não existe um único som para contar história. E, por outro lado, existem tantas músicas que me dedicaste, quando vou a conduzir e alguma delas dá na rádio ainda me cai uma lágrima ou outra. Os dias sem ti... a luta... a vida que valia a pena ser vivida nas asas do teu voar... são frases que trago cravadas em mim.
Ainda... fecho os olhos e consigo ver-te a receber-me no elevador, a abraçar-me, a mimar-me, a amar-me. Ainda, te consigo ver a deslizar a face com o teu sorriso enquanto a porta do elevador se fechava. Ainda consigo relembrar o barulho enervante do borbulhar do aquário na sala. Ainda nos vejo no teu sofá preto de olhos esbugalhados a ver aquele programa de culinária. Ainda me lembro do pôr-do-sol na tua varanda.
Cada vez que vejo o rio, a ponte, o nosso sítio, sorrio e lembro-me da tua frase: somos pessoas desta margem. Éramos pessoas daquela margem, com lugar reservado para a paisagem deslumbrante e apaixonante. No outro dia passei por lá e vi um casal no nosso sítio e gritei de raiva, de dor.
Lembro-me da primeira vez que ouvi a tua voz, ao telemóvel quando nos encontramos, lembro-me o quanto me bateu o coração, enquanto ia ao teu encontro sobre a ponte já gelada de tanto frio. Lembro-me. Estás aqui. E é um processo excruciante não saber de ti, quanto mais tirar-te daqui. Aos poucos, dia sim... dia não... vou conseguindo... a solidão volta a preencher os espaços, o tempo, a vida. Perco-me no ciclo vicioso, ora negação, ora raiva, ora depressão... um dia talvez consiga subir ao degrau da aceitação. Aceitar que decidiste partir é doloroso, mais do que poderia imaginar. Estou em busca da luz, da minha luz interior. No entanto, dava tudo, tudinho para ver a tua.

sábado, novembro 12, 2011

Pensamentos Corrosivos


Diz a música .."So if another door closes... I hope you see the window opening ..." não me canso de a ouvir .. conheço-me ... sei da complexidade de que se revestem os meus dias face a uma situação de abandono emocional, mas não sabia da profundidade e dos níveis absurdos ... das doses incríveis de sofrimento que me esperavam desta vez. Agora mais do que nunca percebo quando dizemos "nunca fui tão feliz na minha vida", efectivamente quando o dizemos é sentido e verdadeiro mas se alguém nos ouvir dizer duas vezes vai achar que não sabemos identificar a felicidade ou os momentos felizes. Sei que atingi níveis de maturidade e de compreensão sobre a vida que me permitem dizer sem pestanejar e com toda a convicção de que posso demonstrar e sentir. Sei que fui feliz tanto mas tanto que me debato todos dias numa luta interior, num conflito aceso para compreender o que me aconteceu. De todas as pessoas que cruzaram o meu caminho, nunca tive o privilégio de sentir a troca recíproca, o equilíbrio, o amor incondicional de que toda a minha vida me queixei de nunca ter sentido. Agora de rosto repleto de lágrimas já posso dizer que o senti, que o senti e vivi intensamente. E não consigo aceitar que tenhas partido com motivos vazios, não aceito que consigas ser frio ao ponto de compartimentar a vida, não consigo aceitar que depois da partilha intensa não sintas nada, não consigo... acaba comigo, acaba com a minha aceitação de mim mesma. Destrói-me todos os dias um bocadinho mais, corrói-me o interior e os meus pensamentos são tão corrosivos ... absorvem cada segundo do meu dia. Não consigo prestar atenção à vida, apenas dar colo à minha não vida. Dormir, quando consigo dormir é a maior bênção. É aquela parte do dia em que deixo de falar contigo como se sentisse o teu folego sobre o meu ombro, ou como se estivesses ao meu lado ... e quando dou por mim tenho a ilusão de ter dito o que pensei... e estou neste mundo paralelo em que tu existes e me fazes mal. Como pode uma pessoa que nos fez tanto bem, tornar-se na pessoa que nos faz tanto mal... 
Sinto-me doente. Tento a cada dia que passa deixar-te ir ... tento repetir vezes sem conta a mim mesma que vai passar ... e nervo-me nesta luta entre mim, bem dentro de mim. Sei que no tempo e espaço encontrarei a paz... que tanto preciso, que tanto aspiro. Desejo todos dias que não tivesses entrado na minha vida. Não suporto esta dor de te perder. Mas sobretudo não suporto este silêncio que assumi nesta nova etapa de afastamento, não me perdoo por não lutar mais por ti... Comportamento gera comportamento. Não te perdoo a ti, sobretudo a ti por fazeres igual aos outros por me abandonares, não te perdoo desistir de nós e do que construímos. Não te perdoo o egoísmo. Não te perdoo, e isso dói-me profundamente.







quarta-feira, novembro 09, 2011

Dancing free...



Existem melodias que não são extraordinárias mas são eficazes, ficam no ouvido, transmitem uma mensagem com que nos identificamos de forma directa e sem rodeios. O bem-estar não precisa de ser embalado em grandes obras-primas. As maiores provas de amor estão e existem nas coisas mais simples. Hoje apetece-me dançar, dançar dentro desta música. Ser feliz dentro dela, dentro das certezas de que acreditar em algo ou em alguém faz toda a diferença. Acredito em mim, no julgamento que faço das pessoas, acredito.. acredito tanto. Hoje tenho que acreditar. Hoje tenho que brilhar, hoje tenho que gritar bem alto que te sinto aqui como se nunca tivesses partido. Por vezes a dor, a mágoa, a tristeza revestem-se de música que nos faz sorrir, que nos faz dançar, que nos faz cantar vezes sem conta a mesma letra... e de todas vezes ela é dita de forma sentida.
Esse simples acto liberta-nos a mente, liberta-nos os sentidos, liberta-nos do sufoco constante que é não poder ter uma varinha de condão e tornar realidade aquilo em que acreditamos. Hoje punha a mão no fogo pelo que acredito, por ti que bates no meu peito forte, que me iluminas o sorriso.


domingo, novembro 06, 2011

Como pode o amor escapar por um triz?




Não é que o medo a impeça de ser quem é
Só não sabe lá muito bem como é que há-de ser
Não é que ela não aprecie aquilo que tem
Mas dá muito mais atenção ao que pode ter
Não é que o silêncio a aflija mais do que o Sol
Em qualquer dos casos ela acaba por se esconder

Não é que ela viva do sonho de ter alguém
Mas tem uma esperança guardada de ser feliz
Não é que ela não acredite em ser mulher
Mas se alguém a quer e a seduz ela não diz
Então ela troca as palavras e fecha a luz
E pensa outra vez que o amor lhe escapou por um triz

E ela vai e vem
Vai e vem
Deixa no banco tudo o que tem
Ela vai e vem
Vai e vem
Nos bastidores não vê ninguém

Não é que ela esteja encalhada junto ao farol
Mas tem uma vela pintada por outra mão
Não é que o vento a amachuque mais do que o Sol
Porque o vento é sempre mais fraco que a solidão
Como as certezas são mais caras que as opiniões
E quando ela olha para o leme não há capitão

E ela vai e vem
Vai e vem
Deixa no banco tudo o que tem
Ela vai e vem
Vai e vem
Nos bastidores não vê ninguém



Às vezes




É assustador como tudo pode dar errado tão rápido.

Às vezes, precisamos de uma grande perda, para nos lembrarmos do que realmente importa.

Às vezes,ficamos mais fortes como resultado disso.
 
Mais sábios, e melhor equipados para o próximo desastre que virá. 

Às vezes. Mas nem sempre. 


Anatomia de Grey, 8 temporada, 8 episódio

sábado, novembro 05, 2011

Não invoques o amor em vão ...



“Quanto mais longe, mais perto me sinto de ti, como se os teus passos estivessem aqui ao pé de mim e eu pudesse seguir-te e falar-te e dizer-te quanto te amo e como te procuro, no meio de uma destas ruas em que te vejo, zangado de saudade, no céu claro, no dia frio. Devolve-me a minha vida e o meu tempo. Diz qualquer coisa a este coração palerma que não sabe nada de nada, que julga que andas aqui perto e chama sem parar por ti.”

O amor é fodido, Miguel Esteves Cardoso

segunda-feira, outubro 24, 2011

As coisas que não te disse...


Nunca te disse o quanto adorava o timbre da tua voz, ao telefone era algo que me aquecia o coração. Presencialmente, havia vezes em que simplesmente olhava para ti, sorria inebriada com um timbre que me cativava tanto. Não tenho grandes explicações para este facto, apenas sei que o sentia porque os meus sentidos ficavam de alerta a ouvir-te. Era uma resposta involuntária e bem podias falar porque por vezes eu estava naquela dimensão em que a melodia por muitas palavras que existissem se sobrepunha majestosamente. Nunca te disse o quanto gostava da tua barba por fazer, mesmo que ela me deixasse a cara numa lástima, tocar no teu rosto era um dos gestos que mais feliz me fazia, era um gesto de ternura mas era como se a minha mão pertencesse ali no teu rosto macio a mimar-te. Nunca te expliquei o quanto as tuas mãos eram fonte de bem-estar, os teus dedos compridos e grandes, a textura das tuas mãos é como se ainda hoje as sentisse a abraçar-me, a transmitirem-me vida. Existem tantas mas tantas coisas que ficaram por dizer, que ficaram por viver...

domingo, outubro 23, 2011

Tem que haver mais...

Não consigo aceitar que a vida seja só isto. Não consigo aceitar que não possas ser completo, perseguir os teus sonhos e objectivos e estares feliz com a tua vida mesmo que nela falte o que mais lhe dá vida e cor. Não consigo aceitar. Não consigo ver a aprendizagem, não consigo subir esse degrau, recuso-me. O equilíbrio não é o isolamento. Happiness is only real when shared. E por muitas vezes que digas que o problema não sou eu... eu não consigo acreditar. Eu não consigo alcançar como se abdica de ser feliz assim. Estou presa neste corredor da vida enquanto não conseguir perceber, enquanto este conflito me corrói todas as forças. E o pensamento que me absorve vezes demais é saber quando parar, mata-me aos poucos este sentimento de ver partir a pessoa que mais me fez feliz nesta vida e não dar luta. Devora-me as entranhas, persegue-me cada bocadinho de sanidade mental, esgota todas as forças e luz que possa vislumbrar. O que devo fazer respeitar-te e afastar-me ou lutar ao ponto de me odiares por isso. Aqui estou neste impasse.

NADA DE MAU SE PODERÁ ESQUECER
NADA DE BOM FOI EM VÃO
UMA LUZ MAIS TARDE OU MAIS CEDO ILUMINA TUDO
MAS TEM QUE HAVER MAIS



Trying to find...




Don't mind me, just let me be
My eyes so far away
I don't need no sympathy
The word seems overplayed
I'm alright, it's just tonight
I can't play the part
I'm alright, it's alright
It's just a broken heart
Don't have eyes for the world outside
They're closed and turned within
Trying to find the light inside

It's lit, but growing dim
I'm alright, it's just tonight
I can't play the part
I'm alright, it's alright
It's just a broken heart

terça-feira, outubro 18, 2011

Coping II

Dizem que quando se fecha uma porta se abre uma janela. Eu experienciei isso de uma forma tão abrupta que esta janela já se fechou também. Passaram 6 meses. 6 preciosos meses desta minha vida que cada vez mais menos sentido faz. Hoje é um mau dia, hoje é o dia em que eu tenho que estar aqui com um sentimento tão excruciante, tão dilacerador que efectivamente me dói o peito, efectivamente dói-me o corpo porque estou a lutar com todas as forças que tenho e não tenho para não sair daqui disparada e ir.  Fazer o quê, não sei. Precisava de ir, andar, correr e chorar até que não houvessem mais lágrimas. Mas nem isso me faria sentir melhor. Hoje precisava do teu abraço, de te sentir por perto. De não me sentir sozinha, de continuar a conversar contigo como só tu sabes ouvir-me, responder às minhas eternas perguntas existenciais, de ouvir a tua voz e voltar a sentir a paz que o teu colo sempre me proporcionou. Não sei como consegues ser tão forte... quero acreditar que também precisavas de colo até mais do que eu. Mas os anos fizeram-me mais resistente a estes acontecimentos. Naquele dia quis chorar contigo, abraçar-te mas estava tão magoada ainda não tinha percebido nada. Estava tão atordoada que não conseguia, pensar, sentir e ainda assim foi uma conversa de que me orgulho tanto. Orgulho-me tanto de ti, do que construímos. Do quanto fomos felizes juntos. Quero aceitar e respeitar mas não consigo ser tão madura quanto consegues. Tortura-me a ideia do que poderia ter sido e não foi por impedimento de nem sequer tentar. Tortura-me tanto. E, ainda assim a vida volta a fazer-me passar por isto.
Como é possível não poder controlar esta dor e como não é possível partilhá-la, nem amenizá-la, parece um filme de terror que não acaba, o que poderá acontecer de mais avassalador? Uma frase sábia diz que passamos tanto tempo a olhar para a porta que se fechou que não temos a capacidade imediata de ver a janela que se abriu? Eu continuo a não vislumbrar o problema mas consigo aos poucos aceitar que fizeste uma escolha e que prescindiste do que mais recente havia na tua vida em detrimento de outras realidades. Mas... hoje precisava de ti, da tua força, da tua determinação. Porque hoje invulgarmente dói para além do que posso suportar sozinha.